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Os trabalhos para anais serão submetidos na sua área de participante até a data:

26 de setembro de 2023
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Os trabalhos poderão ser enviados nas modalidades:

Comunicação Oral (CO), Relato de Experiência (RE) e Pôster (PO)

CONHEÇA NOSSOS SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

Os temas Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável nas agendas de interesse público vêm sendo explorados mais incisivamente desde 1997, após a publicação da norma Social Accountability 8000. Este simpósio propõe fomentar estudos sobre responsabilidade social e desenvolvimento sustentável com um olhar transversal sobre as diversidades sexual, étnico-racial e gênero em distintos espaços, tais como: universidade, empresas, ONGs e outros ambientes de interação social. A Responsabilidade Social é entendida como o dever das Organizações frente aos impactos trazidos pelas suas decisões e atividades na sociedade e no contexto social, contribuindo para o Desenvolvimento Sustentável, incluindo a Saúde e o Bem-Estar da sociedade. Por meio de um comportamento ético e transparente, as Organizações devem adotar medidas e ações para o enfrentamento da discriminação de raça, cor, gênero, idade, idioma, renda, nacionalidade ou naturalidade, religião, origem étnica ou vulnerabilidade socioeconômica, deficiências, gravidez e opiniões políticas entre várias. Com o objetivo de implantar um formato de gestão organizacional, socialmente responsável, as empresas e órgãos públicos se depararam nas duas últimas décadas com a consolidação de uma agenda pública de interesse mundial sobre a efetivação dos Direitos Humanos (direitos sociais, culturais, políticos e econômicos) de grupos vulneráveis. A positivação dos Direitos Humanos e da cidadania nas Convenções e tratados internacionais constam em diversos documentos, tais como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, no âmbito da UNESCO, a norma ISO 26000 – Diretrizes em Responsabilidade Social e a norma ABNT NBR 16001 – Responsabilidade Social – Sistema da Gestão. Para a implementação de gestão socialmente responsável os órgãos e entidades necessitam implementar políticas que atendam aos princípios e às temáticas centrais da responsabilidade social: accountability, transparência, comportamento ético, governança, direitos humanos, práticas de trabalho, dentre outros. Serão aceitas propostas de trabalhos que tenham interface com a temática principal do CINABETH e deste simpósio, que poderão contemplar os temas não só utilizando a interseccionalidade nas trajetórias marginalizadas, inclusive de pessoas transgêneras e, aspectos informacionais, econômicos e sociais. Espera-se que os trabalhos recebidos possam materializar um recorte situacional sobre as práticas e políticas relacionadas à inclusão, ou não, de grupos marginalizados aos espaços sociais.
 
Coordenadores/as: THAYRON RODRIGUES RANGEL, MARIA DE FATIMA S. O. BARBOSA, NINA RENATA DA CUNHA PEDROSA, JAC RIBEIRO/TIAGO RIBEIRO
No Brasil, o movimento organizado de pessoas LGBTI+ surge no final dos anos 1970 na esteira do processo de abertura política do país. Desde o início, o desafio da interação com outros atores políticos como o Estado, os partidos políticos e outros movimentos sociais, estimularam a adoção de diferentes estratégias de intervenção e estilos de ativismo que se tornaram fundamentais para a consolidação do movimento ao longo das décadas. Durante a redemocratização o movimento construiu as suas primeiras interações com a política institucional, intervindo em processos eleitorais, lançando campanhas de alcance nacional, buscando aliados nas instituições políticas e participando ativamente das disputas em torno da Assembleia Nacional Constituinte. A experiência associativa nos anos da epidemia de HIV/Aids e a posterior abertura de canais de participação política observada nos anos 1990 ampliaram as possibilidades de ativismo dentro e fora das instituições, processo que culminou no aprofundamento da construção de políticas públicas na década seguinte, especialmente durante os governos Lula (2003-2010). As temáticas relativas à luta pela livre orientação sexual e identidade de gênero ocupam uma posição relativamente marginal nas discussões ocorridas nas instituições representativas do Brasil. Na esfera federal, por exemplo, as conquistas do movimento LGBTI+ se efetivaram via Judiciário e Executivo. Na arena legislativa, no entanto, a questão tem sofrido grande oposição por parte das bancadas conservadoras que impedem o avanço dessa pauta. As ações desses parlamentares variam desde a obstrução de iniciativas de leis favoráveis ao segmento até a apresentação de legislações que buscam restringir os direitos LGBTI+, além do bloqueio de ações advindas do Executivo federal. Ao mesmo tempo, ao longo dos últimos anos, tem-se observado o aumento de pessoas LGBTI+ ocupando cargos eletivos de poder em diferentes níveis do Legislativo. A longa trajetória de interação entre sujeitos LGBTI+, movimento e a política institucional tem sido um objeto de intensa reflexão nas diferentes disciplinas que produzem conhecimento em torno da história, memória e legado do movimento LGBTI+ brasileiro. No entanto, as discussões que envolvem a participação e a representação de pessoas LGBTI+ nas esferas parlamentares foram marginalizadas em diversos campos do saber. Este Simpósio Temático pretende reunir trabalhos que busquem enriquecer essa discussão a partir de diferentes interpretações, abordagens, perspectivas teóricas e metodológicas. Serão consideradas propostas que abordam a atuação de sujeitos LGBTI+ independentes, bem como do próprio movimento LGBTI+ em relação a partidos políticos, ciclos eleitorais, experiências parlamentares - em perspectiva local, nacional ou internacional, histórica ou contemporânea.
 
Coordenadores/as: JOÃO FILIPE CRUZ, PEDRO BARBABELA, ADRIENE NEVES DE ALMEIDA, LUIZA AIKAWA
Pretende-se nesse Simpósio Temático (ST) agenciar e coletivizar pesquisadoras/es/os nacionais e internacionais para problematizar e analisar criticamente o fenômeno das iniquidades em saúde que afetam sujeitos, subjetividades e corpos das dissidências das sexualidades e de gênero, em particular, sobre as violências e a saúde mental de pessoas que identificam como lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, queers, intersexos, assexuais, pansexuais e não-bináries (LGBTQIAPN+). A temática da diversidade sexual e de gênero no campo da saúde, mas, em particular, da saúde mental e drogas, tem dialogado e tomado experiências concretas e produções epistêmicas no âmbito de outras políticas públicas, na perspectiva da garantia de direitos dos sujeitos das dissidências sexuais e de gênero, como na segurança pública, nas prisões, no socioeducativo dentre outras áreas, para afirmar a diferença, a subjetividade e a cidadania, para negar e resistir as diversas formas de aniquilamento, desumanização e morte que as violências institucionais insistem em produzir como efeito real, estrutural e estruturante da LGBTQIAPN+fobia e do racismo de Estado. Estes temas e debates de pesquisas e produções acadêmicas e políticas tem ganhado visibilidade política e pública em decorrência da presença de sujeitos e corpos LGBTQIAP+ nestas diversas áreas, como profissionais, pesquisadores/as/os mas também como usuários/as/es e sociedade civil organizada, que tomam para si e para a produção de conhecimento, outros sentidos epistemológicos, teórico-metodológicos e ético-políticos. É neste sentido e a partir deste debate que emergem determinados temas e objetos que se relacionam com os sujeitos das dissidências sexuais e de gênero, seja pela própria política pública específica para LGBT, destruída no último governo federal, e que se tenta reconstruir na atual gestão, inclusive com uma pasta específica para tal finalidade, mas que se tem materialidades em alguns estados e municípios, inclusive com articulações com outras políticas públicas, em particular, na saúde e saúde mental, que esses sujeitos se fazem presentes. Registra-se que ao tratarmos de políticas públicas de LGBTQIAPN+, e, tomando a saúde como referência, em decorrência da Política Nacional de Saúde Integral LGBT (PNSI-LGBT), enfrentam-se diversas questões, de ordem estrutural da gestão do Estado brasileiro, nas três esferas de governo, como o apagão estatístico sobre esta população, no que tange aos dados sobre o quesito orientação sexual e identidade de gênero nos formulários. Mas ainda é a população que tem os maiores indicadores de vulnerabilidades, como as violências e que são agravadas por sofrimentos mentais. Assim, o ST dialoga de forma pluralista e potente com outras formas de estudos e pesquisas no qual a temática das dissidências de sexualidade e de gênero se faz presente, na perspectiva de construção de um campo transdisciplinar de conhecimento.
 
Coordenadores/as: MARCO JOSE DE OLIVEIRA DUARTE, PABLO CARDOZO ROCCON, BRUNE COELHO BRANDÃO, CÉU CAVALCANTI
A Filosofia Africana, na discussão sobre produção de conhecimentos que dizem respeito a diversidade sexual, étnicorracial e de gênero, é fundamental também para a criação de propostas que buscam romper com o epistemicídio no ambiente acadêmico e nos espaços de poder político/público por exemplo. Neste movimento, é importante entendermos a nossa localização enquanto sujeitos diaspóricos, bem como o filósofo sul-africano Mogobe Ramose salienta: “a diáspora africana é, portanto, parte integrante da história da filosofia africana” (2011, p. 13). Deste modo, resgatar produções, ideias e pensamentos de autoras(es) negras(os) diaspóricos é imprescindível para a elaboração de novas perspectivas que abarquem a pluralidade presente nos diversos estratos sociais. A universidade, enquanto elemento produtor e validador de conhecimento, torna-se um dos principais meios utilizados para que os corpos e produções que fogem à tradição imposta pela branquitude sejam invisibilizados. No Brasil, é possível afirmar que a presença de intelectuais negras(os) e lgbtqiap+ no ambiente acadêmico ainda não reflete a diversidade vista extramuros da universidade. É inegável que houve avanços, a presença de discentes negras(os) e lgbtqiap+ é uma realidade. O que se reivindica é que essa presença se expanda para a pós-graduação, corpo docente e gestão universitária. Outro aspecto fundamental neste debate refere-se à desqualificação, via invisibilização das produções de intelectuais negras(os) e lgbtqiap+. Entende-se que a valorização dessas(es) intelectuais especialmente aquelas(es) que se debruçam sobre o debate anticolonial, se constitui em um importante mecanismo de visibilizar pesquisadoras e pesquisadores que comumente são escamoteados por estarem em um ambiente que ainda hoje se manifesta colonialista, racista, heterocisnormativo e lgbtqiap+fóbico. O que esta sessão temática propõe é um debate a respeito do epistemicídio acadêmico, termo utilizado por nós para refletir acerca da ausência de intelectuais e produções bibliográficas desses grupos na academia. São bem-vindos relatos de experiências e estudos de caso que abordem as questões relacionadas à diversidade sexual, étnicorracial e de gênero sob o prisma do combate ao epistemicídio acadêmico, bem como análises conceituais de autoras e autores da diáspora que abordem o tema proposto.
 
Coordenadores/as: TARCÍSIO CONCEIÇÃO OLIVEIRA, CRISTIANE LOURENÇO
A educação sexual integral é um direito humano de crianças e adolescentes, pautando o acesso à informação e à formação humana relacionada ao tratamento não discriminatório com as diferenças de gênero, identidade de gênero e em uma perspectiva interseccional de raça/etnia, geração, classe, tamanho corporal, considerando também pessoas com deficiência (PCD) e outras diversidades expressas na condição de humanidade. Ainda, a Educação Sexual é uma ação primária de prevenção de violências sexuais contra crianças e adolescentes, informando para a segurança íntima e proporcionando ambientes seguros para o acolhimento de denúncias e encaminhamentos das mesmas para os setores ou órgãos responsáveis. “Proporcionar aos jovens igual acesso à EIS significa respeitar seu direito ao mais alto padrão possível de saúde, incluindo escolhas sexuais seguras, responsáveis e respeitosas, livres de coerção e violência, bem como seu direito às informações necessárias para garantir o autocuidado eficaz.” (UNESCO, 2018, p.16 ) Registradas assim, nos parâmetros internacionais, as políticas brasileiras em relação à Educação sexual e às relações de gênero caminham na contramão de países da América Latina, como a Argentina que estabeleceu em 2006 a Lei Nacional de Educação Sexual Integral (ESI), e o Uruguai onde- O CODICEN cria, em 2005, uma comissão com o objetivo de elaborar um projeto de educação sexual para a educação pública uruguaia. No Brasil, o debate é refém de forças conservadoras nas arenas político-partidárias que reverberam um debate público social alçado no pânico moral. Nesse sentido, configura-se um cenário no qual é perceptível ataques às humanidades de sujeitos/as/es vulneráveis por não corresponderem às cis-heteronormatividades fundamentadas pelo colonialismo-moderno que privilegia a branquitude. É, portanto, que esse simpósio temático pretende agrupar estudos que trabalhem aspectos relacionados ao avanço do conservadorismo, passando pela cruzada de combate à "ideologia de gênero" que interfere no PNE, até a atualidade. Contextualização de termos em andamento, nos discursos, ações, políticas e posicionamentos que marcam uma tendência nos modos, sentidos e significados sobre gênero, sexualidade, além de estudos sobre a informação e impacto na segurança íntima das crianças, principalmente crianças trans, queer, negras, indígenas, PCDs (Pessoas com deficiências), periféricas, gordas... bem como, trabalhos dedicados a segurança e censura de docentes. Nesse cenário de estéticas de ódio que instrumentalizam também doutrinas religiosas, são bem-vindos estudos que trabalhem a diversidade religiosa, problematizações e reflexões sobre o Estado laico. Esse Simpósio Temático estará também a disposição de trabalhos que sejam formatados em relatos de experiências que compartilhem possibilidades, propostas e/ou reflexões que contribuam com as resistências.
 
Coordenadores/as: IULI DO CARMO MELO
O presente Simpósio Temático tem por objetivo discutir produções sobre o direito ao trabalho e experiências acerca do emprego, ocupação e renda da população LGBTQIA+ no Brasil, considerando a exclusão do mercado de trabalho formal como violação da dignidade humana – com especial atenção as pessoas travestis e transexuais – assim como as intersecções dos diferentes marcadores sociais de diferença e suas implicações na vida de tais sujeitos. Por não se moldarem à cisheteronorma, a população LGBTQIA+ tem a vida marcada pela abjeção e negativa de direitos, em diversas dimensões público e privadas. Tal exclusão social deve ser considerada um produto do dispositivo cisheteronormativo, pelo qual se atribuem valores e papeis sociais distintos (e desiguais) aos corpos, a partir de matrizes como gênero e sexualidade, constituindo o que se convencionou chamar de “divisão sexual do trabalho”. De acordo com essa divisão, a depender de cada papel sexual definido aos sujeitos, será imputado um determinado lugar no mundo do trabalho, podendo este ficar limitado a uma posição de subalternidade, segregação e/ou marginalidade. Essa posição será (des)orientada pelas desigualdades que se estabelecem pelas relações de gênero e sexualidade, com base nas normas da cisheteronormatividade compulsória, aprofundando-se quando combinada com o racismo e outras formas de exclusão social, tais como classismo e capacitismo, os quais integram um sistema de classificações que segrega corpos mais ou menos reconhecidamente produtivos, ou cuja rentabilidade se justificaria pela criação de formas de exploração do trabalho. A negação do direito de possuir e de exercer uma atividade laboral digna trata-se de grave violação de direito humano à igualdade entre as pessoas, que produz violência contra à vida e à integridade física da população LGBTQIA+, principalmente pessoas travestis e transexuais. Assim sendo, os obstáculos que dificultam o ingresso dessas pessoas ao trabalho formal se constituem como formas de violência, não apenas simbólica, mas também material, que ao mesmo tempo em que prejudicam a formação das suas subjetividades, apresentam impactos concretos em termos de privação de bens considerados essenciais à vida digna, colaborando para o acirramento da vulnerabilidade socioeconômica dessa população, expondo-as a situações de pobreza, insegurança alimentar, violência, morte, entre outras injustiças sociais. A título de orientação, seguem exemplos de temas a serem trabalhados neste ST, sem, contudo, reduzirem-se a estes: a) Experiências LGBTQIA+ no mundo do trabalho formal e discriminação sexual e de gênero; b) Experiências LGBTQIA+, trabalho sexual e exclusão social; c) Empregabilidade Trans e Travesti e Políticas Públicas; d) Empresas, Direitos Humanos e Diversidade.
 
Coordenadores/as: DAVI HAYDEE ALMEIDA LOPES, SAULO MONTEIRO MARTINHO DE MATOS, JOÃO DANIEL DAIBES RESQUE, DIOGO DE SOUZA MONTEIRO
O ST busca reconhecer, acolher e compreender as múltiplas encruzas de gênero e sexualidades tomando o eixo étnico-racial como condutor nas pertenças negras, indígenas, afroindígenas, afroamazônidas, entre outras. Discutiremos até que ponto raça, gênero e sexualidade são fruto da colonialidade e, principalmente, quais são os gestos contra/anti/descoloniais que escapam dos engaiolamentos coloniais passados e vigentes. Será relevante compreender os processos de racialização, genderização e sexualidade em seus cruzamentos e perceber as pertenças étnico-raciais que foram (ou estão) adormecidas, silenciadas ou impostas em sua complexa relação com as identidades. Ainda importante será reconhecer o papel das narrativas, performances e oralituras (Leda Martins) que escapam à normatividade ocidental na percepção de gênero e sexualidade, tendo o eixo étnico-racial como espinha dorsal. A partir da problematização dos processos coloniais que ainda perduram - tais como o racismo e a hierarquização/subordinação étnico-racial -, buscaremos detectar de que modo gênero e sexualidades ampliam possibilidades de vidas vivíveis para além da normatividade e, igualmente, que tipos de risco sofrem as vidas em desobediência étnico-racial e gênero-sexual. Convidaremos es participantes a refletirmos juntes quais as relações entre territorialidade, gênero e sexualidades em Améfrica Ladina (Lélia Gonzales), em Aby Ayala (povos Kuna) ou em Pindorama, acolhendo também formulações a partir da diáspora negra, descimentos e deslocamentos forçados indígenas nesse vasto território cujo nome ainda está em disputa.
 
Coordenadores/as: FLAVIA PINHEIRO MEIRELES, FÁTIMA LIMA
Orientações contemporâneas no campo das ciências humanas e sociais em diversas tradições nacionais e internacionais, ênfases teóricas, temáticas e problemáticas têm buscado não apenas uma revisão conceitual dos cânones das ciências, bem como, têm denunciado a manutenção do terror colonial na ciência moderna na sociedade contemporânea, rompendo, assim, com os epistemicídios. Demarcados como “terror colonial” (GELARD, 2022) a continuidade da violência colonial na contemporaneidade, sendo traduzido pela negação da existência física e material do outro em sua diversidade. Dentre as utopias do eurocentrismo e do cientificismo está a presunção de universalidade, que se estabelece desincorporado, desinteressado e sem qualquer pertencimento geoespacial. (BERNARDINO-COSTA; MALDONADO-TORRES; GROSFOGUEL, 2019). Compreendendo a ciência como um campo de disputa, o projeto decolonial parte da necessidade de se afirmar um conhecimento politicamente corporificado, a partir de saberes, vivências e experiências subalternizadas (SPIVAK, 2010). Os movimentos sociais (negro, indígena, feminista, LGBTQIAP+, quilombolas, favelados) são, notadamente, exemplos do enfrentamento articulado dos “epistemicídios” (CARNEIRO, 2023) de suas experiências, saberes e ciência. A partir disso, este Simpósio Temático tem como objetivo discutir as dimensões do gênero, raça, classe, sexualidade, orientação sexual, território e marcadores sociais da diferença (HIRANO, 2019) de forma interseccional (CRENSHAW, 2002), transgredindo e rompendo com as imagens de controle (BUENO, 2019) sobre os corpos não hegemônicos (COLLINS, 2019). Nos interessa pensar as redes que se estabelecem, nesse campo, a partir das questões de agenciamento, ativismos, aquilombamento e direitos humanos (NASCIMENTO, A. 2022), que de algum modo atravessam as múltiplas experiências em processos subjetivos de pensar os marcadores sociais da diferença de forma interseccional. Desse modo, constituindo uma questão antropológica, histórica, política e epistemológica que coloca em xeque a colonialidade. Nesse campo de disputa, este ST objetiva acolher trabalhos que possibilitem reflexões e contemplem uma linha teórica-metodológica analítica decolonial de gênero e de raça (LUGONES, 2014), transfeminista (JESUS, 2105), antirracista (GONZALEZ, 2020) e interseccional (COLLINS,2021), a partir de pesquisas concluídas ou em desenvolvimento que versem sobre, e partir de, experiências de corpos-territórios periféricos subalternos. Assim são bem-vindos trabalhos desenvolvidos sobre: infâncias negras; infâncias trans; aquilombamento trans; transfemismos; enfrentamento da violência e seus diferentes aspectos. Pensando o enfrentamento dos efeitos do racismo, cissexismo e transfobia (CUNHA, 2021) que afetam os corpos como um sistema estruturante de afronecrotransfobia (REGO, 2021), busca-se desconstruir narrativas e de histórias únicas (ADICHIE, 2019).
 
Coordenadores/as: AMADEU CARDOSO DO NASCIMENTO, FABIANA PEDREIRA GELARD,  YORDANNA LARA PEREIRA REGO
A estranheza nos mobiliza. O estranho, extraneu, o “de fora” que assombra o dentro pretensamente inviolável das subjetividades, instituições, estéticas e poéticas. O estranho, o não familiar (entendido tanto como o que resiste ao reconhecimento quanto ao pertencimento à família), o estrangeiro. Se “estranho” é uma das possíveis traduções para o queer, é a partir dessa noção que propomos esse ST, cujo principal desejo fazer ver e observar apaixonadamente as poéticas relacionais, sob e sobre os espaços da teoria e da prática, entre as pesquisas que abordam corpos, imagens, vídeos, ficções especulativas, audiovisual, instalações, habitantes da constelação cuir/kuir/queer. Nesses sentidos multidirecionais, convidamos trabalhos que abordem questões de gênero e sexopolítica vinculadas às mais diversas pesquisas. Essa proposta se desenha na poética da falha, nos incômodos do estranhamento. Cuir/kuir/queer, então, se apresenta mais como um campo teórico em trans/formação; um espaço de instabilidades, tensões, conflitos, afetos e experimentações. De Mary Shelley a Jack Halberstam, cartografar as aparições na cultura pop, no cinema independente, maistream, nas pornografias, nas literaturas em suas plurais expressões, na performance, nas imagens em movimento e estáticas. Nossa ambição é mapear a passagem do estranho pela arte e pela cultura, seguir seus rastros nos gestos de reapropriação, de rebaixamento, de invenção e de inventariação queer (sapatão, bicha, não-binárie, afeminado, masculina, butch, fancha, boiola…). O estranho que impulsiona a interrupção da narrativa, a aparição repentina do defeito (sexo-estético-político), a falha que se instaura na superfície do artefato como algo produzido por um terremoto, um abalo sísmico entre o corpo de quem olha (expecta) e o corpo do filme/audiovisual. Essa falha pode ser permanente ou temporária – uma rachadura que rompe definitivamente ou um movimento intenso que desorganiza. Essa proposta, então, segue o estranho mesmo que seus contornos ainda não se possa definir, em uma postura que valoriza a experimentação e se abre para o risco do pensamento selvagem.
 
Coordenadores/as: RAMAYANA LIRA, ALESSANDRA SOARES BRANDÃO, DIEGO PALEÓLOGO ASSUNÇÃO, VINICIOS KABRAL RIBEIRO
Este Simpósio Temático tem como objetivo acolher estudos centrados no processo de construção dos gêneros apoiados na informação e na tecnologia. O processo de difusão das chamadas tecnologias da informação e comunicação, no contexto do pós-fordismo, que emergiu no final dos anos de 1960, representou desdobramentos outros que não somente os de caráter econômico. Entre esses desdobramentos, tem-se a repercussão da tecnologia no tecido social o que, com a abertura da Internet à sociedade mais ampla nos anos de 1990, possibilitou o investimento das pessoas em processos singulares e coletivos de construção e de afirmação de si. Desde então a apropriação social progressiva da tecnologia por grupos oprimidos em termos de classe, sexo, gênero e etnia tem representado um importante mecanismo de enfrentamento ao patriarcado e à heteronormatividade, tanto nos países do Norte quanto nos países do Sul. No ensaio “Manifesto ciborgue”, de Donna J. Haraway (2001), as pessoas são pensadas na fluidez das fronteiras entre o corpo biológico e as tecnologias, entre o físico e não físico, esse último entendido nesta proposta como a dimensão da vida bitficada nas plataformas digitais, tecnologias essas viabilizadoras de espaços simbólicos nos quais sonhos, desejos, identidades e gêneros são buscados e expressos. Em cenários sociais, culturais, políticos e religiosos marcados pela intolerância à diversidade humana, pessoas de gêneros dissidentes seguem resilientes, resistentes e politizadas, encontrando nas tecnologias os meios para expressar quem são, os processos discriminatórios que enfrentam no cotidiano. Neste milênio, em que se assiste ao boom dos gêneros, as plataformas digitais têm possibilitado o acesso a informações sobre identidades, gêneros e sexualidades sem precedentes na história. Essa realidade faz da pesquisa e do debate em educação e informação uma necessidade como processo privilegiado pelo qual as pessoas aprendem o sentido das identidades, dos gêneros e da sexualidade, posto que esses temas ainda encontram forte resistência no ambiente escolar. Das interações sociais de outrora nas ruas do bairro, a descoberta e o aprendizado sobre gênero e sexualidade migraram para as plataformas digitais, ferramentas que permitem a busca de conhecimentos dentro de uma estrutura e com sujeitos que se retroalimentam na produção e no consumo de saberes, explorando seus interesses pessoais e aprendendo no seu próprio ritmo. A veiculação de imagens e textos que antes ridicularizam e/ou marginalizam os gêneros dissidentes vem sendo combatida na Internet 2.0 pelo ativismo LGBTQIA+, resultando na produção e na divulgação de informações qualitativas, com potencial para auxiliar processos de identificação, de autoaceitação e de fortalecimento da autoestima de pessoas que buscam construir um mundo para si e para os outros além dos limites do binarismo. Diante do contexto apresentado, pesquisadores/as, estudantes do ensino de graduação e pós-graduação, ativistas e produtores/as de conteúdo são convidados/as, em uma proposta inter e multidisciplinar, a contribuir com o debate em torno da questão: qual é o papel da informação e da tecnologia no processo de construção dos gêneros entre pessoas LGBTQIA+? Estudos de caso, netnografias, análises fílmicas, documentários, ensaios, relatos de experiência e produção de conteúdo de pessoas físicas ou de movimentos sociais sobre gênero e sexualidade em contextos LGBTQIA+ são algumas das propostas bem-vindas ao debate
 
Coordenadores/as: RUBENS DA SILVA FERREIRA, LUIZ FERNADO CORREIA DE ALMEIDA, RITA DE CÁSSIA VIANA DE ALMEIDA
Nas últimas décadas, as pesquisas do campo curricular em gêneros, sexualidades e relações étnico-raciais, que eram categorias descritas como territórios de silêncio, tornaram-se o terreno de uma explosão conceitual sem precedentes. Essas pesquisas trouxeram deslocamentos temáticos, contudo, grande parte continuou reiterando um modo operatório vinculado a uma lógica de planejamento e ensino de conhecimentos, perspectivando projetos emancipatórios diante de um sujeito humanista a ser preenchido, conscientizado e letrado. Se a inserção desses temas proporcionou um arejamento, os desafios de uma não fixação e encapsulamento da diferença, que muitas vezes se performam em receituários e manuais antirracistas e antissexistas, têm sido a tônica de muitas pesquisas, mesmo aquelas se exercitam em registros pós-estruturais, pós-fundacionais e pós-humanos. Neste simpósio temático, apostamos que estas e outras abordagens exploraram como gênero, sexualidade e raça se manifestam através dos currículos em diversas dimensões para além da epistemologia, do inteligível ou do reconhecível, percorrendo práticas em diferentes níveis de implicação material e semiótica. O tema do evento racial de Denise Ferreira da Silva, a resistência do objeto de Fred Moten, a proposta do espaçotempomaterializante de Karen Barad, o perspectivismo ameríndio de Eduardo Viveiros de Castro e o enfrentamento ao futurismo reprodutivo de Lee Edelman são alguns exemplos de abordagens que se destacam nos campos do pensamento negro radical, dos estudos queers e dos estudos indígenas, que apenas recentemente vem encontrando algum eco nas pesquisas em educação. Este Simpósio Temático busca amplificar esse repertório no campo curricular, envolvendo propostas teóricas e experiências de pesquisas concluídas e em andamento que trabalhem aspectos ontológicos e que envolvam igualmente múltiplos modos de enovelamento entre estética, política, economia e educação. A perspectivas da fabulação crítica de Saidiya Hartman, da fabulação especulativa de Donna Haraway, da afro-fabulação de Tavia Nyong’o, da escrita erótica de Elizabeth Freeman, da escrevivência de Conceição Evaristo e mais amplamente do realismo especulativo e da ficção como antropologia especulativa têm, aqui, também uma importância metodológica no conjunto de discussões que se busca trazer neste simpósio para pensar escritas com e contra o arquivo curricular. Esperamos reunir experimentos de pensamento que performam e encarnam espectros, fantasmas e eventos em uma tentativa de perturbar ontologicamente a gramática pedagógica e o léxico educacional. Propomos como questão aos/as interessados/as em submeter propostas a este simpósio: quais seriam as fabulações curriculares de gênero, sexualidade e raça que permitiriam reimaginar política e esteticamente o mundo? Neste aspecto, aguardamos propostas que escapem da ideia humanista de pensar o currículo, acionando o conjunto de possibilidades disponíveis para situar radicalmente a diferença.
 
Coordenadores/as: THIAGO RANNIERY, IRIS VERENA SANTOS DE OLIVEIRA, PAULO DE TÁSSIO BORGES DA SILVA
O ST, Compreendendo, em harmonia com Barroso, que “O papel do Estado e do Direito é o de acolher – e não o de rejeitar – aqueles que são vítimas de preconceito e intolerância”, tem por finalidade reunir trabalhos que, a partir de uma análise dos discursos expressos em políticas públicas, legislações e decisões judiciais, identifiquem como o Brasil – tendo como referência os Executivo, Legislativo e Judiciário - trata a população que diverge da cisheteronormatividade, ora negando-lhe direitos e colocando-a em uma situação de inferioridade sociojurídica, ora garantindo validade, aplicabilidade e vigência ao marco teórico da Norma Paradigmática: a dignidade da pessoa humana. Ainda objetiva discutir de que forma as questões referentes ao Feminino: afirmação de uma igualdade substancial; violências contra a Mulher (doméstica, institucional, política etc.); feminicídio e misoginia são regulamentadas e, sobretudo, decididas. O Direito não é neutro, e, muito mais que descrever, ele tem o condão de criar realidades, prescrevendo/proscrevendo comportamentos e, assim, hierarquizando sujeitos. O discurso político-jurídico exerce um decisivo papel no estabelecimento de referenciais de normalidade, contribuindo muitas vezes para o surgimento e a manutenção de divisões binárias e desigualdades que se fundamentam nos mais diversos marcadores sociais da diferença. Busca-se refletir sobre as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas sobre decisões judiciais em ações que envolvem pleitos da população LGBTQIAPNB+ nas esferas individual e coletiva são prolatadas de forma a, por vezes, cercear direitos, tomando por base o argumento da “falta de amparo legal”, quando se deveria, em face da incompletude ou mesmo da ausência da lei, decidir tais casos de acordo com uma hermenêutica constitucional orientada pelo marco teórico mencionado. A omissão dos órgãos legislativos, aliada à falta de preparo e ao alto nível de preconceito da maioria dos que integram os quadros da magistratura (aqui entendida tanto no nível federal quanto no estadual), torna tábula rasa o princípio da igualdade formal e transforma a diferença em desigualdade, restando sem efeito a frase que abre o art. 50 da Carta Magna. Assim, pretende-se desenvolver as atividades do simpósio por meio da reunião de trabalhos que tratem de forma crítica temas como produção legislativa, decisões judiciais e políticas públicas em matérias relacionadas com sexualidades e gênero vêm sendo (des)construídas no país, notadamente no que se refere a garantia de direitos, acesso de LGBTQIAPNB+ às instâncias deliberativas de poder, igualdade de gênero em perspectiva interseccional de classe, raça, sexualidade, dentre outros marcadores, empoderamento feminino, políticas públicas, controle social, controle de convencionalidade, dentre outros temas que se se coadunem à proposta apresentada. O Direito pode ser engessado, conservador, moralista, misógino e LGBTfóbico, mas nós não somos, e podemos interpretar seu discurso em nosso favor.
 
Coordenadores/as: JOSÉ BAPTISTA DE MELLO NETO (ZÉ NETO), MICHELLE BARBOSA AGNOLETI
Ao longo dos últimos anos, o debate sobre gênero e diversidade sexual na educação sofreu uma série de interdições. A saída da extrema direita do executivo federal e o início de um governo que aponta para uma perspectiva progressista reacendem nosso esperançar. Ao mesmo tempo, se mantêm ativos fortes movimentos reacionários, que atuam para perpetuar o clima de censura a esses temas na escola. Dessa forma, discursos conservadores, antigênero, transfóbicos, homofóbicos e sexistas ocuparam as mídias, as redes sociais e redes educativas diversas. É nesse contexto que propomos esse simpósio temático, compreendendo que os temposespaços educativos, incluindo a escola, são complexos, imprevisíveis e potentes para promover resistências e insurgências. Acolhemos, portanto, pesquisas em andamento ou concluídas que tomem a pluralidade das mais diversas manifestações que dialogam com os cotidianos escolares articulados aos campos das políticas públicas, da formação docente, dos currículos, das práticas pedagógicas e que se coloquem no enfrentamento contra o obscurantismo, contra o negacionismo, contra a lgbtfobia, contra os conservadorismos de conotações fascistas com a perspectiva de reconstituir a esperança de uma sociedade mais justa, respeitosa e solidária.
 
Coordenadores/as: ALEXANDRE BORTOLINI, IVANILDO AMARO DE ARAUJO, MEGG RAYARA GOMES DE OLIVEIRA, BRUNO RODRIGUES GANEM
Já é um consenso entre pesquisadores do campo a inconsistência das noções de gênero, sexo e raça enquanto categorias biológicas, a ponto da noção de gênero ter ganho certa proeminência sobre a categoria sexo na contemporaneidade. Apesar disso, os efeitos dessas categorias na organização de sistemas de diferença e no senso comum remontam à naturalização das mesmas ancoradas em pressupostos científicos outrora validados e hoje desautorizados. Como articular então a construção discursiva destas categorias com essa efetividade dos sistemas de sexo, gênero e raça? Como pensá-los enquanto categorias discursivas tendo em conta a permanência dos efeitos que a biologização destas categorias em diversos âmbitos da sociedade, seja na elaboração de projetos reacionários e conservadores que buscam mitigar o avanço dos direitos civis para grupos subalternizados da sociedade, seja na defesa de políticas de ação afirmativa? Com este simpósio, pretende-se debater esta articulação das dimensões discursivas e materiais das categorias de sexo, gênero e raça, privilegiando as interseções entre estas dimensões que permanecem como os principais conceitos na organização dos sistemas de classificação das diferenças humanas em um mundo ocidentalizado. Sobretudo no Brasil, tendo em conta a dimensão sócio-histórica e a necessidade de uma revisão crítica da história oficial que nos constitui enquanto Estado Nação, como pensar a interseção e articulação destas categorias, seja na elaboração de políticas públicas, no ativismo e na militância, na produção textual acadêmica ou no campo da cultura e da produção artística em suas diversas plataformas e expressões? Outra via de se pensar essa articulação diz respeito às apropriações e ressignificações dissidentes que constituem contra-arquivos para se pensar a articulação entre discursividade e materialidade das categorias de gênero, sexo e raça na contramão da história oficial e da normatização/naturalização destas categorias como definidoras de experiências e corpos na contemporaneidade.
 
Coordenadores/as: DRI AZEVEDO, FELIPE WIRCKER MACHADO
A proposta deste Simpósio Temático (ST) pretende ser um espaço de diálogo entre trabalhos que abordem pesquisas geracionais que perpassam as vivencias e subjetividades LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, Travestis e Transexuais, Queer, Intersexo, Assexuais, Pansexuais, Não-Binarias, etc.). Pretendemos acolher estudos, reflexões críticas, revisões teóricas, relatos de experiência e outras produções que tragam à discussão os desafios dos processos de subjetivação e construção das Infâncias, Juventudes e Velhices LGBTQIAPN+. Sustentada por uma perspetiva crítica feminista trans intersecional, o presente simpósio visa aprofundar a reflexão crítica acerca das vivências das crianças, de jovens e de pessoas (+) velhas LGBTQIAPN+ e dos contextos de exclusão aos quais estas estão sujeitas, ao mesmo tempo que problematiza as principais necessidades e especificidades destes grupos sociais a fim de contribuir para a implementação de políticas públicas e para o desenvolvimento de posicionamentos promotores da diversidade de género e da justiça social. Nesta proposta de ST discutir-se-á, assim, e em conjunto, os trabalhos de diferentes investigadores/as ou grupos de trabalho que em diferentes territórios na geografia internacional têm problematizado sobre as vivências interseccionais de crianças, jovens e pessoas (+) velhas LGBTQIAPN+. Este ST possibilita trazer para a academia as vidas e subjetividades que têm sido esquecidas nos debates e produções científicas na atualidade. Perante a escassez de produção sobre estes diálogos e produções geracionais LGBTQIAPN+ pretendemos acolher trabalhos que problematizem estas vivências e contextos e tragam discussões possíveis para construirmos juntos/as lugares e espaços de resistência plurais.
 
Coordenadores/as: LILIANA GRACIETE FONSECA RODRIGUES, JAIME ALEJANDRO PARRA VILLARROEL, SARA WAGNER PIMENTA GONÇALVES JUNIOR, PAULA GAUDENZI
A homossexualidade é um dos problemas na relação entre sexualidade humana e igreja, que resulta na exclusão de pessoas LGBT das igrejas cristãs, uma vez que a teologia tradicional segue o padrão cis-heteronormativo. Em meio a grandes tensões, essa padronização vem sendo questionada e novas vertentes teológicas têm trazido alento e acolhimento desse grupo de pessoas frente às injustiças do mundo. Nesse sentido, este Simpósio Temático quer articular vários estudos e discussões sobre o assunto, a fim de tornar conhecido os conceitos e as experiências nos seguintes âmbitos: da relação sexualidade humana e igreja; das necessidades inerentes da pessoa humana em busca de sua interação com a religiosidade e o sagrado; das mudanças simbólicas, teológicas e/ou dogmáticas dos sujeitos e das igrejas; dos argumentos inclusivos de novas teologias; entre outros. É preciso refletir sobre as subjetividades pautadas nos direitos humanos e verificar o que são necessários para a inclusão de pessoas LGBT nas igrejas, tanto por parte da pessoa homossexual, quanto por parte da teologia.
 
Coordenadores/as: RITA CRISTIANA BARBOSA, THAÏS M BARBOSA
A proposta deste Simpósio temático tem como objetivo refletir sobre a descolonização do pensamento através de troca de saberes voltados para a decolonialidade dos corpos, esportes e a Educação física em suas diversas vertentes, focando o gênero, a raça/etnia, sexualidades e +, no mundo dos esportes. Esse (novo) campo de subversão de gênero e sexualidades no Brasil e campo de “luta” em países africanos, tem sido um espaço desafiador por ser um lugar androcêntrico, heterossexual e branco. No Brasil, exclusivamente o futebol é negro. E os demais esportes? Busca-se neste simpósio, saber como xs pesquisadorxs, estudantes e ativistas estão articulando essas questões, bem como, ponderar na decolonialidade discutindo em formas possíveis de inclusão nos respectivos territórios de debate. Apesar de delimitar em Brasil e países africanos, a proposta é aberta para os países da América-Latina. O intuito é promover um debate Sul-Sul, contudo, como coordenadora responsável e proponente do GT parto dos meus conhecimentos, que são focados em Brasil e países africanos, no entanto, aberta aos países do Sul e aberta para incluir pesquisadoras no GT. Essa temática justifica-se por ter relação com minhas pesquisas que desenvolvo desde a graduação, pesquisando sobre mulheres árbitras de futebol, seguindo para o mestrado incluindo a raça, e no doutorado ampliando para sexualidades e queers no esporte, realizando na sequência uma especialização em representações africanas e a pesquisa sobre corpos e esportes em países africanos, resultando no pós-doutoramento, aprofundando a temática. Indo á Guiné-Bissau (país africano) a realizar uma parte da pesquisa (de março a junho de 2023) e em busca de conhecimentos neste país de culturas complexas e sexualidades “sem proibições” (por lei) e ao mesmo tempo proibidas – ninguém ousa subverter (?) mas, subverte-se. Retornando ao Brasil, ponderando que, esta abertura da academia para ampliar esse campo de estudo, debates e estimular para estas pesquisas, são necessárias. São perguntas deste simpósio temático. Há LGBTQIA+ nos esportes em países africanos? E como elxs vivem seus corpos e sexualidades nos respectivos países? É lugar de macho, heterossexual, e, muitas vezes, branco? Haverá igualdade de gênero com os esportes sendo intocáveis? Pretende-se fundamentar este debate através dos estudos de gênero decoloniais, feminismo negro, mulherisma e a teoria queer africana, queer of colour, discutindo o posicionamento do Brasil (que é plural) e países africanos concernente ao limite da diversidade.
 
Coordenadores/as: INEILDES CALHEIRO DOS SANTOS
A proposta do Simpósio Temático (ST) gira em torno das lutas, processos de subjetividade e epistemologias lésbicas e sapatonas. Intencionamos construir um espaço de trocas de estudos, pesquisas, ensaios teóricos, reflexões, relatos de experiências e diversas outras produções de conhecimento entre mulheres sapatonas e lésbicas de diferentes identidades, raças e etnias. A importância do debate sobre mulheres sapatonas é lésbicas reside em emergir questões que são historicamente vetadas na dimensão de socialização de afetos, da produção do conhecimento acadêmico, artísticos ou de qualquer outro lugar em que o heterocispatriarcado, o sistema capitalista e o racismo estruturante impõem com normas e padrões sociais. Ser lésbica e sapatão na contemporaneidade significa ter uma resistência histórica da violência do apagamento, do silenciamento e dos estereótipos reproduzidos desta sexualidade dissonante. Porém, é também compartilhar as diversas experiências e saberes que envolvem a pluralidade do ser sapatão e lésbica, tais como o afeto, o companheirismo, a saúde, as maternidades plurais, a militância, a história, as violências e a sociabilidade de modo geral. Portanto esse ST convida para o compartilhamento das diversidades que envolve o universo múltiplo sapatão e o continnum lésbico, circunscrevendo essas questões junto às resistências coletivas, artísticas, políticas e artivistas
 
Coordenadores/as: VALDENÍZIA BENTO PEIXOTO, SIMONE BRANDÃO SOUZA
A linguagem não-binária de gênero é uma série de recursos que visa à representação de gênero além do masculino e do feminino, realizando-se fora da duonormatividade. No Brasil, vem emergindo diferentes usos dessa linguagem. Em português, temos visto o crescimento desse mecanismo para a representatividade de pessoas não binárias. Em diferentes locais, a resistência de grupos conservadores e contrários ao reconhecimento de diferentes possibilidades de gênero têm se oposto a esse fenômeno, o que vem gerando disputa em torno da liberdade em usar a língua. Os argumentos das posições contrárias são, em geral, sobre os novos agenciamentos que falantes fazem nas normas de registro linguístico que indiciam marcas de gênero no português. Tal celeuma, revestida de uma preocupação com a língua portuguesa, esconde uma postura axiológica sobre a possibilidade de falarmos e escrevemos em português para dar visibilidade a pessoas que não se enquadram na cultura dominante de gênero. Sob esse cenário de tensão política em torno da língua e do que podemos fazer com ela, este simpósio objetiva reunir estudos acerca de expressões diferentes da linguagem não-binária de gênero em língua portuguesa, apresentar uma visão panorâmica sobre não binariedade de gênero, suas bases culturais e ideológicas, sua história, seus mecanismos de realização e uma discussão sobre as repercussões desse modo linguístico na sociedade brasileira, compreendendo tal feito como um exercício de queerificação da linguagem e um projeto político de valorização de corpos precários historicamente alijados no Brasil. Trata-se de uma reunião de exposições que abriga fundamentos importantes para quem quer se inserir no campo de investigação sobre linguagem não-binária. O aparato praxeológico que articulamos advém dos Estudos Queer e da Linguística Queer e se justifica por se tratar de um material formativo de potencialização da reflexão-ação para políticas de vida às nossas corpas resistentes em um país, como afirma Moira (2021), ‘necapolítico’ como o nosso. A proposta consiste em, à luz de perspectivas queer sobre os estudos da linguagem e de categorias usadas por diferentes referências da Teoria Queer (a exemplo de Judith Butler, Dodi Leal, Paco Vidarte, Jota Mombaça, Linn da Quebrada, entre outras), exercitar uma rede de investigação sobre a não binariedade no português do Brasil.
 
Coordenadores/as: IRAN FERREIRA DE MELO
Os estudos trans* (uma ramificação dos estudos de gênero), que também incluem a literatura trans*, emergiram nos anos 1990, nos Estados Unidos. Contudo, de acordo com a professora e teórica trans Susan Stryker (2006), os estudos trans não se organizaram primeiramente em torno da sexualidade. Questões como gênero, estudos tecnológicos, diferenças corporais, cuidado em saúde, políticas de ações afirmativas para pessoas trans, cotas trans em concursos públicos e, diversas outras temáticas, que nunca foram centrais aos estudos queer, por exemplo, são fundamentais para esse campo. Nos últimos anos, tem aumentado o número de produções acadêmicas e literárias produzidas pelas transmasculinidades brasileiras. O crescimento dessas produções coincide com o aparecimento das transmasculinidades na cena pública enquanto identidade política e social, a partir da década de 2010, no contexto brasileiro (ALMEIDA, 2012; ÁVILA, 2018). A fundação do IBRAT (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades) e o I ENAHT (Encontro Nacional de Homens trans), ocorrido em 2015, na USP são alguns dos marcos históricos que impulsionaram a visibilidade das transmasculinidades no espaço público. A publicação da obra Viagem Solitária de João W. Nery, em 2011, de igual modo, atua como mola propulsora de um debate ainda ausente no país. Este veio a inspirar o trabalho de pesquisadores, ativistas e escritores trans como Jordhan Lessa, Guilherme Almeida, André Lucas Guerreiro Oliveira, Benjamin Neves, Leonardo Peçanha, Kaio Lemos, Bruno Santana, dentre outros. Além disso, abriu portas para que contos, poemas, autobiografias, poesia falada, dentre outras poéticas produzidas por e sobre pessoas transmasculinas circulassem de forma mais expressiva. Assim, o intuito deste ST é reunir e potencializar ainda mais as vozes e ideias desses autores/teóricos junto às dos coordenadores, enquanto pesquisadores, autores e ativistas, e também, uma tentativa de nos visibilizar como produtores da nossa memória e história coletiva, motivando futuros leitores a desejarem conhecer e investigar, por eles/elas mesmos/as, um pouco mais sobre a vida e obra destes, bem como as de demais homens trans – incluindo os pesquisadores transmasculinos –, assim como a se interessarem mais pela cultura transmasculina brasileira.
 
Coordenadores/as: BENJAMIN DE ALMEIDA NEVES, THALES GABRIEL TRINDADE DE MOURA
Ao longo de nossa trajetória acadêmica, demos início a um exercício não muito acolhido pelos indivíduos dos quais esperávamos uma resposta. Frente a tantos pesquisadores cisgêneros dissertando sobre a transexualidade, começamos a indagar, nos poucos espaços em que encontrávamos oportunidade de fala, onde se encontrava a cisgeneridade. A partir da pergunta “quem aqui é cis?”, nos deparamos com reações intempestivas, raivosas, estupefatas, como se a nomeação da cisgeneridade equivalesse a um xingamento. Começamos a traçar um padrão de comportamento calcado na recusa da cisgeneridade em se reconhecer, em admitir sua própria existência, sua origem e seus impactos. O que motiva a cisgeneridade a discursar tão profundamente sobre a transexualidade, a expô-la aos mais complexos diagnósticos, a exotificá-la e universalizar suas experiências? E o que faz com que a mesma cisgeneridade, bastante tagarela sobre pessoas trans, se esconda atrás de si mesma, ignorando nosso questionamento e justificando seu silêncio sob a prerrogativa da naturalidade? Nesse cenário de (de)negação, desenvolvemos o conceito de ofensa da nomeação, a partir do qual compreendemos exatamente o comportamento frustrado e ofendido de pessoas cis ao serem dispostas diante de si mesmas, não mais diante do Outro. A ofensa expressada pela cisgeneridade se vincula, como procuramos desenvolver, com o pacto narcísico apresentado por Cida Bento, em seus estudos sobre branquitude. Como escreve Viviane Vergueiro em sua dissertação de mestrado, os mecanismos modernos/coloniais que atuam sobre as relações raciais, fazendo imperar o racismo e as alianças da branquitude, podem nos ajudar a compreender os mecanismos que operam sobre as relações de gênero, na medida em que o racismo, o sexismo, o capacitismo, a LGBTIfobia e demais opressões estruturais se originam da mesma raiz, qual seja, a modernidade/colonialidade. Desse modo, temos como objetivo estruturar uma relação entre a ofensa da nomeação, o pacto narcísico da colonialidade e a construção da Outridade, que, segundo Grada Kilomba, se caracteriza como a projeção, no colonizado, de aspectos negativos reprimidos do colonizador, de modo a transformar o sujeito colonizado em uma figura bestializada e desumana, passível de extermínio. Ao ser nomeada, a cisgeneridade sai de sua universalidade, transformando-se em um Outro a ser analisado. Quais são os sintomas da cisgeneridade? Como podemos pensar em um diagnóstico para pessoas cis, mimetizando o histórico de patologização da cisgeneridade? Tendo em vista o histórico de patologização de pessoas trans, que foram alocadas em um lugar de insanidade e de perversão, seria possível inverter essa lógica hierárquica de nomeação, a fim de constranger a cisgeneridade em seu próprio esforço em se manter na universalidade? Seria possível pensar em um pacto narcísico da cisgeneridade? Seria a cisgeneridade perversa?
 
Coordenadores/as: CELLO LATINI PFEIL, BRUNO LATINI PFEIL
Este Simpósio Temático tem propósito de articular diálogos entre pesquisas em curso, concluídas, relatos de experiências e estudos teóricos metodológicos, que problematizem as questões das travestilidades e transexualidades em suas potências de vidas. Para tal, abrimos o leque para trazermos à tona as corporalidades em todas as suas nuances. Desde as performances de gêneros, sexualidades, artísticas e desportivas, até os impactos que as presenças desses corpos permeiam as significações estéticas, éticas e culturais da contemporaneidade. A presença desses corpos nos espaços, desde a escola, mercado de trabalho e universo dos esportes são motes que nos interessam. As relações nos encontros das variadas corporalidades, principalmente os corpos trans e suas marginalidades, merecem ampla discussão e demandam mais e mais pesquisas e trabalhos que se debrucem os olhares para essas pessoas que tiveram suas vidas impactadas, historicamente, pela falta de inclusão. Para além, ainda são abjetadas nos direitos básicos de vida. Os processos formativos que estão emaranhados nas estreitas relações com as questões psicossociais; as temporalidades dessas corporalidades; e os afetos que imbricam as experiências desportivas, sejam institucionais ou não, poderão alinhavar as ideias deste simpósio. Nos interessa, também, que as interseccionalidades de raça, gênero, classes sociais, geracionais, étnicas e geopolíticas possam ampliar os debates. Os referencias dos estudos de gênero, desportivos, das sexualidades, teorias queers, feministas, antirracistas, anti-gordofóbicos podem marcar as posições políticas na escolha para este simpósio.
 
Coordenadores/as: ADRIANA BARBOZA SALES, ÉDERSON ANDRADE, JAQUELINE MENDES DA SILVA
O paradigma eurocêntrico que orientou o desenvolvimento das ciências ditas exatas estabeleceu, para além de seus conteúdos disciplinares, determinados ideais em torno daquelus que estariam aptes a engajar-se neste empreendimento. As características que são usualmente associadas à figura “dO cientista” espelham uma encruzilhada de normas sociais historicamente contingentes. Este profissional é facilmente representado no imaginário popular como um homem branco, cisgênero, heterossexual, cristão, de classe média ou alta, neurotípico e sem deficiências de quaisquer naturezas. Além disso, atributos como razão, inteligência acima da média, persistência na condução das pesquisas e amplo uso de ferramentas matemáticas para produção de conhecimento cooperam para conferir ao cientista o privilégio de “dizer a verdade”. Portanto, os discursos produzidos pelas ciências ditas exatas circulam na sociedade dotados de “efeitos de verdade”, ao mesmo tempo em que estabelecem os critérios para determinar a “certeza” dos discursos produzidos por outras instâncias sociais. Tais estereótipos sobre o que significa “ser cientista” limitam, por sua vez, a forma como as pessoas se relacionam com as diversas áreas científicas, em particular, com a Matemática e com a Física. Ao longo das últimas décadas temos testemunhado um crescimento significativo de pesquisas denunciando casos de violência sofridos muitas vezes por mulheres, pessoas negras e, mais recentemente, por dissidentes das cis-heteronormas (pessoas LGBT+) quando do estudo de algum ramo dessas ciências. Outras pesquisas têm buscado ainda explicitar como a visão estereotipada do cientista atua como ficção reguladora responsável por moldar subjetividades e conferindo privilégios a determinados corpos em detrimento de outros. É urgente reconhecer essas ciências ditas exatas como produções humanas, histórico-cultural e socialmente situadas e que espelham as humanidades e intencionalidades políticas de quem as produz. Matemática, Física, Química e áreas afins devem ser “estranhadas” (na perspectiva dos Estudos Queer), assim como as práticas de ensino dessas disciplinas, para não naturalizar os estereótipos associados a quem se dedica e costuma ter sucesso nelas, desracializando-as, desgenerificando-as e dessexualizando-as, pelo menos. Mais que isso, criando mecanismos de fomento, visibilização e reconhecimento de corpos políticos contra-hegemônicos na produção e recriação dessas áreas a partir da valorização das diferenças.
 
Coordenadores/as: AGNALDO DA CONCEIÇÃO ESQUINCALHA, AMANDA QUEIROZ MOURA,  ERIKAH PINTO SOUZA, HUGO DOS REIS DETONI
Secularmente a divisão social do trabalho entre os sexos sempre foi motivo de disputas, haja vista a separação de homens e mulheres em áreas de conhecimento e profissões específicas, gerando uma clivagem na educação profissional e no mundo do trabalho e segregando uns dos outros em compartimentos estanques. Outros pontos relevantes são a maior valorização social e econômica do trabalho dos homens em detrimento do das mulheres e a destinação destas majoritariamente ao trabalho doméstico. Porém, no momento atual, as mulheres estão presentes em maior número nos cursos profissionalizantes e no ensino superior e vêm alcançando avanços significativos no mercado de trabalho, inclusive ocupando profissões pouco usais para o universo feminino. Contudo, a segregação e o sexismo permanecem nas instituições educacionais e nas relações de trabalho trazendo inúmeros desafios para elas. Associado a este fenômeno evidencia-se cada vez mais, a presença de outros atores na educação profissional e no mercado de trabalho, com identidades e orientações sexuais diversas, sendo também alvos de preconceitos e discriminações. O simpósio temático abarca pesquisas que discutem e problematizam questões relevantes e atuais sobre as relações de gênero - considerando toda a sua diversidade -, presentes na educação profissional, no trabalho, nas ocupações e profissões, bem como a divisão sexual do trabalho assalariado e doméstico.
 
Coordenadores/as: RAQUEL QUIRINO
A discussão de direitos humanos no campo da defesa de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexuais, Assexuais, Agêneros, Não-Bináries e sujeitos com outras variabilidades de identidades e expressões sexuais e de gênero não é recente. Tendo em vista que se faz necessário recuperar as reivindicações históricas do movimento social e, nessa vertente, considerar os atravessamentos dos diferentes marcadores sociais e a forma como se interseccionam a cada conquista de direitos e na garantia de políticas públicas para esse grupo social. Trata-se da necessidade de ampliação do olhar sobre as trajetórias de resistência desses sujeitos, considerando suas especificidades e tendo a interseccionalidade de gênero-raça-classe como categoria indissociável na busca pela efetivação dos direitos humanos. As políticas públicas como instrumento de resposta do Estado às vulnerabilidades, embora conquistadas através de lutas dos grupos minorizados, promovem o distanciamento dessa parcela da sociedade, proporcionando o inacesso desses sujeitos à cidadania e aos direitos sociais. Importante mencionar os tensionamentos e disputas políticas vivenciadas nos últimos anos, que colocam no contexto atual, expectativas e possibilidades de reconstrução progressista. A democracia foi posta à prova e, por muito pouco, não foi suprimida em favor de um projeto de (des)governo fascista. Uma das batalhas foi vencida, mas os vestígios da necropolítica estão por toda parte. Nesse cenário, se faz cada vez mais necessário resistir e fortalecer as lutas coletivas contra posicionamentos que legitimam o cerceamento da liberdade, dos direitos humanos, do combate às opressões, da educação, da cidadania, e, que continuam defendendo esse modelo societário autoritário e antidemocrático. Ademais, não deixar de considerar que as bancadas eleitas por partidos conservadores assumem um protagonismo forte para impedir o avanço na construção de programas e políticas públicas LGBTQIAPN+. Desse modo, propõe-se as reflexões: A democracia “venceu”, mas e agora? Como reduzir tantas mortes por LGBTQIAPN+fobia? Como lidar com as vidas perdidas? Como pensar em políticas públicas transversais e efetivas? O primeiro passo já foi dado, porém é preciso combater as ofensivas (neo)conservadoras que insistem em ressurgir sob a égide da violência e do ódio em suas raízes. Essa (re)construção da democracia não deve ser dissociada dos atravessamentos característicos da diversidade: gênero, sexualidades, raça/etnia, classe. Contudo, este Simpósio Temático tem como finalidade reunir discussões relacionadas às tramas e trajetórias de resistência da população LGBTQIAPN+ frente à luta pela efetivação dos direitos humanos e da garantia de acesso às políticas públicas. São bem-vindas discussões relativas à: Representatividade, Trajetórias e Movimento Social LGBTQIAPN+; Marcadores Sociais e Interseccionalidade; Cidadania e Direitos Humanos; Acesso a Direitos e Políticas Públicas; Mapeamento e Dados LGBTQIAPN+.
 
Coordenadores/as: GLEYDSON FELIPE DUQUE DE PAIVA, BRUNA ACCIOLI RIBEIRO CARDIAL DE MIRANDA, RAFAEL RODRIGUES PEREIRA
A identidade de gênero e a orientação sexual compõem as dimensões da vida social dos sujeitos, que em contextos de violência e violações de direitos são elevadas a desigualdades sociais (IRINEU; OLIVEIRA, 2020). Logo, a inserção na divisão sociotécnica do trabalho, a atividade laborativa e a possibilidade de geração de renda (ALMEIDA; PILAR; GEBRATH, 2014) tornam-se determinantes para o enfrentamento das assimetrias sociais que marcam a experiência LGBTIQIAPN+. Neste sentido, este Simpósio Temático (ST) pretende acolher comunicações orais e pôsteres que envolvam resultados de pesquisa, bem como relatos de experiências de extensão e/ou ações do campo do ativismo e/ou da gestão pública e/ou privada que tratem de políticas de trabalho, emprego e renda destinadas a pessoas LGBTQIAPN+ no contexto global, em especial na realidade latino-americana e caribenha. Quanto ao Brasil, nos documentos oficiais, desde o lançamento do Programa Brasil sem Homofobia (2004), nota-se que às políticas públicas de Trabalho, Emprego e Renda fizeram (e fazem) parte da preocupação da sociedade civil e do poder público, tema que vem ganhando maior destaque nos últimos 10 anos (IRINEU; OLIVEIRA, 2020). Porém, mesmo com experiências importantes e inovadoras, como o TransCidadania em São Paulo, que foi pioneira no país, as ações encontram dificuldades de efetivação. Em geral, os documentos oficiais replicam esses três eixos: a) combate a LGBTIfobia nos ambientes de trabalho; b) qualificação profissional dos grupos discriminados e c) criação de benefícios ou prêmios para empresas que contratam pessoas LGBTQIAPN+. (MELLO et. al., 2013). Ao mesmo tempo, especialmente n contexto da pandemia, temos visto crescer ações promovidas por grandes corporações, startups, entre outros, geralmente em parceria com redes de ativismo. Considerando isso, são bem-vindas nesse ST, análises que avaliem iniciativas de diversidade, equidade, inclusão e pertencimento (DI, DE&I, DEIP) no mundo corporativo produzidas na correlação com organizações de ativismo e/ou organismos internacionais. Esperamos também que esta chamada agregue discussões e estudos que reflitam os limites da "inclusão" no ambiente laboral e as estratégias do "homonacionalismo de mercado" (PUAR, 2017) na produção de identidades e subjetividades normalizadas e reguladas aos moldes neoliberais. Perspectivas críticas ao capitalismo, que analisem o abismo entre o trabalho formal e informal, dentre os segmentos LGBTQIAPN+, situação amplamente analisada por teóricos que vem refletindo sobre as transformações no mundo do trabalho e sua nova morfologia (ANTUNES, 2020), também conformam o escopo deste simpósio. Acredita-se ser fundamental reunir distintos sujeitos nesse ST, observando diversidade geográfica e garantindo diversidade temática e autoral nas apresentações acolhidas.
 
Coordenadores/as: BRUNA ANDRADE IRINEU, GUILHERME SILVA DE ALMEIDA
A discussão sobre a diversidade sexual, étnicorracial e de gênero está intrincada a complexos elementos culturais, dentre os quais figuram também a religião e a espiritualidade. Tampouco escapa ao universo das crenças, como preocupação, tais insurgentes questões. Ademais, a sociedade que ainda tem definido os corpos a partir de uma normatividade (disabilities-ability) fundamentada no tipo mais perverso de capitalismo e liberalismo que vê os indivíduos feito máquinas mais ou menos qualificadas em função de suas produções, também tem se amparado em narrativas e éticas religiosas para tal. A tradição cristã é exemplo de investida não só pela repressão do sexo, mas pela tentativa de justificação dos ideais colonialistas onde o corpo, outrora destituído de valor, continua a sofrer inúmeras violações em nome de um Deus. Nesse sentido, perspectivas contemporâneas têm apontado para a importância desta discussão em virtude de uma melhor descrição da realidade. Aqui, importa não apenas o conhecimento acerca dos mecanismos negativos de organização coletiva que dificultam a aquisição de direitos e dos elementos subjetivos estimulados para a manutenção dos interesses das elites dominantes (branca, heterossexual e patriarcal), mas também as perspectivas contra hegemônicas que buscam favorecer a inclusão de diferentes experiências, sobretudo dos corpos invisibilizados. Deste modo, importa pensar culpa, sujeição e violência desde os interesses políticos subjacentes, mas também o potencial de ressignificação e inclusão que, subvertidas algumas normas, pode-se encontrar desde a transcendência e demais dimensões ontológicas do ser humano. Com os avanços científicos e reconfiguração de paradigmas, fica-nos a tarefa de desmontar alguns dos velhos esquemas de inteligibilidade para reconhecer a provisoriedade histórica das respostas construídas e em construção. Nesse cenário, importa minar as bases dos dualismos e binômios que nos fizeram compreender apenas uma realidade, mas que também nos tornaram reféns de uma única possibilidade: senão a negação de nossas identidades, a negação de um sentido para a vida e suas expressões comunitárias. Logo, o presente simpósio acolhe estudos que discutam tais realidade, das análises de conjuntura às teorias, filosofias, teologias, práticas e experiências inclusivas, onde os estudos de religião apareçam de modo direto ou transversal, com objetivo de reconhecer que ruins, portanto, não são as experiências e presenças dos corpos dissidentes (ou incidentes), mas a própria organização social que os marginaliza e os torna objetos de “conversão à normalidade”. São bem-vindas, portanto, todas as reflexões e hermenêuticas cujos referências exploram as teorias feministas, latino-americanas, queer, crip, decoloniais, dos movimentos de libertação e etnicidade. Além, evidentemente, das que discutem elementos morais e legais desde as várias formas de pertença e suas interrelações com os campos da educação, da saúde e dos direitos humanos.
 
Coordenadores/as: MICHEL ERITON QUINTAS
Este Simpósio temático se propõe a ampliar o debate sobre o transfeminismo, trazendo elementos, tanto epistemológicos quanto ontológicos, que tem sido invisibilizados ou questionados mesmo dentro do movimento feminista, como demonstrado em episódios de negativa ao uso do termo "pessoas que menstruam/gestam". Desde a publicação do livro "Transfeminismo: Teorias e Práticas" em 2014, reitera-se que: 1) o transfeminismo, enquanto um feminismo, é pensamento e ação, não podendo se limitar a teorizações apartadas das pautas públicas; e que 2) as contribuições de homens trans e pessoas transmasculinas também são necessárias para o aprimoramento do transfeminismo, principalmente no que tange à rediscussão das masculinidades. Cisgeneridades, transmasculinidades, não-binaridades e relações étnico-raciais fazem parte do debate transfeminista, entretanto há poucas discussões interrelacionado esses temas com as discussões propiciadas pelo transfeminismo. Levando em consideração a prática intelectual e ativista que homens trans, transmasculines, não-bináries e demais pessoas trans, especialmente negras, têm produzido, temos como objetivo trazer à luz fazeres e as práticas em contextos outros que o transfeminismo está mas é pouco abordado em seu potencial transformador. Sendo assim, almejamos receber trabalhos que incluam a diversidade que a teoria transfeminsta pode abarcar como: cisgeneridade como privilégio, transmasculinidades, não-bináriedades, negritudes, fazendo ecoar trabalhos críticos a teorizações transfeministas que fujam ao debate público, e que tenham o transfeminismo como eixo interpretativo e perspectiva de inclusão.
 
Coordenadores/as: LEONARDO MORJAN BRITTO PEÇANHA, JAQUELINE GOMES DE JESUS, CAUÊ ASSIS DE MOURA, THIFFANY ODARA

XI CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIVERSIDADE SEXUAL, ETNICORRACIAL E DE GÊNERO

Ciência e Arte do Encontro: o Rio de Braços Abertos